Mobiliário Urbano

Considerações sobre o processo de design e os conceitos que fundamentaram o projeto de mobiliário urbano para o Rio de Janeiro

Equipe ganhadora de licitação pública internacional

 

Abrigo de ônibus projetado para o Rio de Janeiro, protótipo
   

 

O Rio, com a sua grande diversidade de situações sociais e ambientais e seu grande marco paisagístico, nos estimula, nos desafia, e quase nos obriga, a pensar soluções inovadoras como resposta a cada nova demanda. Frente a cada desafio projetual, o modo como nos aproximamos das coisas adquire grande relevância, pois o processo de design implica um envolvimento total, e ele não é puramente visual.

Este processo pode ser visto como um caminho para se chegar a uma solução, e neste caso é um meio na direção de um fim, ou pode ser entendido, num outro sentido, como uma seqüência de explorações interagindo com múltiplas e diferentes considerações e influências ao longo do caminho. O que emerge então, é, de fato, “parte do” processo.

Considerado deste modo, o processo de design implica na busca de formas de atuação sinergéticas que possibilitem conseguir mais do que a soma de componentes individuais, aprofundando nas fontes da criatividade, possibilitando descobrir e articular necessidades individuais e coletivas. Ao longo de todo o caminho, é necessário estar atento à identificação de formas específicas de relacionamento, analisando e estudando as interações entre população e entorno, tanto do ponto de vista individual quanto grupal, possibilitando a tomada de decisões bem meditadas, baseadas em múltiplos inputs.

Os objetos têm uma dimensão visual e uma dimensão conceitual; o enfoque conceitual começa com uma idéia ampla, geral, que aos poucos é reduzida a um foco muito específico. No aspecto visual, busca-se que a composição do conjunto “comunique” através da coerência entre as diversas partes componentes, conquistada mediante as formas, o contraponto curvas-retas, as angulações, e os materiais, cores e texturas.

Num plano mais íntimo, as impressões visuais são reforçadas pela incorporação do refinamento à composição. A busca do refinamento requer um olhar sensível e uma paciente compreensão da relação entre os elementos

Atendendo a estes princípios, os conceitos básicos utilizados na elaboração deste trabalho são os seguintes:

1) Constituição de uma “Família de elementos”, fundametada num princípio de coerência formal que envolve:

a) a concepção de cada elemento, de cada objeto, configurado a partir do conceito de base-corpo-arremate, válido tanto para os objetos “habitáveis” quanto para os postes, totens e mupis,

b) a incorporação de “suaves curvas” no design dos objetos, buscando captar o espírito carioca, a “zeitgeist” local, numa referência a Roberto Burle Marx e Oscar Niemeyer, considerados como aqueles que definiram um traço marcante da identidade nacional, de projeção universal,

c) a busca de uma “identidade forte” a partir do parentesco estabelecido entre os diversos objetos.

2) Utilização do conceito de flexibilidade, na busca de várias soluções possíveis para cada produto, visando a capacidade de adaptação dos elementos a contextos variados.

3) Perseguição de um critério de design que inclua a característica de síntese conceitual e formal, na configuração tanto da “família” quanto de cada elemento, entendidos como integração holística de todos os fatores e como contribuição à clareza de leitura do espaço público.

4) Esta clareza de percepção almejada, baseia-se na interpretação e integração das características locais referidas ao clima, aos comportamentos, à paisagem e à “aura” ou espírito da cidade, “carioquice”, buscando definir uma “marca do Rio”.

 

Jorge Mario Jáuregui, arq.
Autor do projeto de mobiliário urbano para o Rio de Janeiro

Equipe de desenvolvimento:
Bitiz Affalo, designer
Jorge Abrantes, arquiteto
Isabel Logfren, programação visual
Edson Marconi Santana da Rocha, desenhos de produção
Júlio Pessolani, maquetes