Megacidades (MULTICIDADE)
Crescimento descontrolado e falta de espaços democráticos de caráter congregador

 

"si las cosas parecen estar bajo control, es porque faltan variables a ser consideradas"


Vista aérea de São Paulo

Existe claramente um impacto homogenizador sobre as metrópoles do planeta, produzindo super concentração nas áreas valorizadas e expansão/dispersão das periferias, como consequência dos fluxos globais de capitais. Por sua vez, cada forma urbana implica um conjunto de conseqüências sociais, econômicas e ambientais. Neste contexto, as áreas informais das grandes cidades constituem um conglomerado de dificuldades e possibilidades.

A entropia urbana gera a demanda por projetos de estruturação urbanística, social e ambiental, capazes de redirecionar ou vetorizar as tendências expansivas, garantindo um sentido às tensões entre as ordens espacial e social.

Num sentido geral, as formas urbanas podem ser agrupadas da seguinte maneira:
compactas e densas
dispersas e com baixa densidade
baixas ou em altura
policêntricas ou monocêntricas
orgânicas ou geométricas
formais ou informais

México D.F., Rio de Janeiro, São Paulo, Caracas, Lagos, Mumbai, Xangai, etc. são territórios de diferenças em rápida expansão, exacerbadas pelo predomínio do automóvel, estendendo os limites sem planejamento, aumentando os tempos de deslocamento e castigando especialmente os setores economicamente mais frágeis, deslocando-os para bordas cada vez mais longínquas.

A arquitetura, o desenho urbano e o planejamento estratégico e prospectivo, podem cumprir um papel social significativo através do impacto que o ambiente construído tem na imagem e na identidade de uma cidade democrática. Para isto é necessário articular políticas de direcionamento do crescimento, mediante recentralização e densificação, articuladas com um sistema de transporte público eficaz.

Nas megalópoles do planeta hoje é necessário criar ambientes físicos que promovam a inclusão (combatendo as grades, as câmaras de vigilância e os arames farpados) fazendo cumprir ao espaço público seu papel de lugar para a interação e a tolerância, com lugares acessíveis desde um transporte público de qualidade que facilite a inclusão, combatendo a proliferação de shoppings centers e bairros fechados mediante a configuração de áreas compactas e interconectadas, através de políticas e ações que retro-alimentem à comunidade com espaços e equipamentos para a convivência social.


Desfrute do espaço público e da urbanidade

Há um círculo vicioso a ser quebrado constituído pela falta de trabalho, falta de habitação a preços acessíveis, níveis de violência, escolas de baixa qualidade de educação, e falta de equipamentos culturais.

Projetos de acondicionamento urbano em várias escalas (pequena, média, grande, territorial) devem ser elaborados tendo como objetivo principal permitir a convivência dos habitantes e de atividades diferenciadas e de atividades muito diferenciadas, com investimento público em infra-estrutura, instalações, equipamentos e espaços interativos, garantindo vitalidade e urbanidade aos distintos bairros da cidade, dotando-os de equipamentos “de prestígio”, como forma de democratizar o desfrute da urbanidade para todos. O que demanda administrar, orientar e incorporar o crescimento dentro dos limites das áreas já ocupadas, incluindo espaços remanescentes e vazios urbanos de toda índole, gerindo a tensão entre interesses privados e intervenção pública.

É fundamental enfatizar o valor perdurável de áreas e bairros tradicionais que tenham demonstrado adaptabilidade às mudanças em meio a processos de transformações econômicas, sociais e culturais, ao mesmo tempo que realizar investimentos significativos na requalificação das áreas mais problemáticas e mais postergadas.

Macro urbanismo e micro urbanismo orientados pelo interesse social, implicam abordagens inseparáveis no enfrentamento das questões sócio-espaciais das grandes metrópoles contemporâneas, na perspectiva da transformação da qualidade de vida, hoje totalmente cindida entre os beneficiados pela situação atual e os que sofrem suas conseqüências.

Automóveis, espaço público e ordenação territorial.

Para Tom Vanderbilt as cidades continuarão a crescer e não há como expandir a infra-estrutura para automóveis na maior parte das grandes metrópoles do planeta. Por isso cada vez mais deverão surgir propostas tanto para a "propriedade partilhada" quanto para a partilha de viagens de táxi por exemplo, como já ocorre em Nova Iorque. A internet neste sentido representa um meio de por em relação usuários desconhecidos entre si. Isto permitirá lidar com a ineficiência da ocupação do espaço público por estacionamentos, um grave problema no Rio de Janeiro, em São Paulo e na maioria das metrópoles brasileiras.

A maior parte dos carros fica parada cerca de 90% do tempo, por isso Kopenhagen é uma cidade muito mais agradável de viver - a cidade sustentável do futuro - e um lugar como Pequim, que é vista como uma cidade do futuro, está, na verdade, atrás de seu tempo, de acordo com Vanderbilt.

Será que existe algo assim como uma “inteligência social” neste planeta, capaz de reorientar as ações?



As vitrines impedem "ver" a arquitetura

Jorge Mario Jáuregui